Vira e mexe ouvimos previsões definitivas sobre o cinema, o rádio, as publicações impressas. Falam que o cinema vai acabar, que o rádio já morreu, que os jornais caminham para a falência total pela falta de leitores. Dizem até que o e-mail já foi superado. Passa o tempo e os fatos contrariam total ou parcialmente a palavra dessas cassandras.
A velha sala de cinema ficou para trás. Mas as novas salas oferecem uma experiência mais impactante e imersiva do que o melhor home theater é capaz de oferecer. Está aí o sucesso mundial de Vingadores: Ultimato lotando as salas de cinema. Sem falar das novas plataformas, como Netflix, que ampliaram substancialmente o número de filmes produzidos e assistidos.
Outra previsão não muito acertada diz respeito aos veículos impressos. Jornais e revistas pareciam já ter recebido a sentença de morte. Bastava encomendar o caixão. Mais uma vez, a realidade mostrou-se mais complexa e difícil de prever.
Agora em maio a New York Times Co., que edita o jornal The New York Times, uma das mais prestigiosas publicações do mundo, publicou números corporativos do primeiro trimestre de 2019. E os resultados surpreenderam positivamente os analistas, que esperavam valores mais modestos.
O destaque foi a performance das assinaturas e dos produtos digitais daquela empresa. O aumento das assinaturas digitais foi de quase 30% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O New York Times tem hoje 3,5 milhões de assinantes dos produtos online.
Cresceu, em consequência, a receita da publicidade digital, que chegou a 55 milhões de dólares, com alta de quase 20% em relação a igual período de 2018. O curioso é que a publicidade digital foi impulsionada especialmente pela divisão de podcasts, com destaque para o The Daily, programa sobre notícias do dia.
Podcast – um recurso muito interessante para finalidades específicas. A força da voz é evidente. Transmite calor, emoção, ‘pessoalidade’. Ninguém gosta de falar com máquinas, pelo menos com as máquinas até agora conhecidas
Helvio Falleiros
Os números do jornal americano podem surpreender analistas cujo pensamento vive em caixas fechadas. Eles conseguem enxergar a foto, mas não parecem compreender o filme e imaginar as saídas que podem ser propostas pelos antigos meios.
A resposta dos veículos impressos veio forte, ainda que tenha demorado a deslanchar. Eles são exímios produtores de conteúdo. Sabem o que o público quer. E sabem como ‘embalar’ a informação. Não era muito difícil prever que a parte mais dinâmica dos ‘antigos’ meios de comunicação encontraria caminhos alternativos de sobrevivência e até de fortalecimento.
Quem há cinco anos apostasse nos podcasts como um desses caminhos correria o risco de ficar falando sozinho. Quase ninguém acreditaria. Pois o mundo gira, muda sempre, mas o homem permanece o mesmo em boa medida. As pessoas seguem gostando de acompanhar uma boa conversa ‘ao pé do ouvido’ sobre um assunto de seu interesse – coisa que o rádio sempre soube fazer muito bem e que o podcast vem aprendendo a cultivar.
Daí que inúmeros veículos e empresas passaram a fazer uso do podcast – um recurso muito interessante para finalidades específicas. A força da voz é evidente. Transmite calor, emoção, ‘pessoalidade’. Ninguém gosta de falar com máquinas, pelo menos com as máquinas até agora conhecidas…
Assim como fez o The New York Times, os veículos brasileiros estão atentos ao podcast. A Folha de S.Paulo saiu-se bem com o Café da Manhã, comandado por Magê Flores e Rodrigo Vizeu. E já engatou um segundo podcast, o Expresso Ilustrada, apresentado e roteirizado por Maurício Meireles e Lívia Sampaio. O ‘Café’ destaca o assunto mais comentado do dia anterior. E o ‘Expresso’ trata de assuntos de cultura e entretenimento. Tudo indica que foram bem aceitos pelo público.
A mais surpreendente adesão ao podcast veio de ninguém menos que o fundador e CEO do Facebook. Mark Zuckerberg aderiu firme ao recurso. Criou o Tech & Society with Mark Zuckerberg, que está disponível no Spotify e outras plataformas. E ele não economizou no tempo. As três edições disponíveis tem mais de uma hora e meia de duração cada uma!
Vamos seguir com esse assunto na pauta da Strada Comunicação – por texto, vídeo ou podcast. Fique com a gente!
Links:
“Podcast eleva receita do The New York Times com publicidade”: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/05/podcast-eleva-receita-do-nyt-com-publicidade.shtml
Podcast The Daily: https://www.nytimes.com/column/the-daily
Podcast Café da Manhã: https://open.spotify.com/show/6WRTzGhq3uFxMrxHrHh1lo?si=kn1xhKNsRT-qpDo1Moy9Yg
Podcast Expresso Ilustrada: https://open.spotify.com/show/2tb9B9TeNFuWrfmHZeDwdR
Podcast Tech & Society with Mark Zuckerberg: https://open.spotify.com/show/1upmh5duVAIBeUptRKOqkv?si=LUGy_NsRTouiReqtel0jyw
Imagem: Bet_Noire/iStock.com