O mundo é cada vez mais o espaço dos símbolos, das imagens e das palavras. É nesse território que a vida das pessoas e das empresas se desenvolve. Foi para atingir um símbolo, a liberdade de expressão, que os radicais islâmicos atacaram a redação do Charlie Hebdo. Eles poderiam ter estourando uma bomba no metrô de Paris, matando centenas de pessoas. A escolha cruel recaiu sobre um símbolo, a liberdade.
A lição do Google é a compreensão de que não é mais possível às empresas ficarem quietinhas num canto fazendo o seu trabalho. É preciso participar ativamente da esfera pública. É preciso contar a sua história. Falar da sua postura. Explicitar os seus valores.
Helvio Falleiros
Empresa que tem sabido capturar o sentido dos ventos e das marés, o Google soube logo o que fazer diante dessa tragédia, ficando ao lado da liberdade de expressão. Antes mesmo que muitos intelectuais e veículos de comunicação, o Google ofereceu apoio às vítimas e disponibilizou recursos financeiros para que a revista pudesse fazer uma edição de três milhões de exemplares.
A lição que o Google nos deixa não é de oportunismo. É de postura, de coragem. A empresa compreende que o universo que ela quer participar só terá pleno desenvolvimento na vigência da liberdade de expressão e de pensamento. Não haverá Google num mundo de censura. Assim como não há Google na China. A empresa está do lado certo da história.
Não quero dizer com isso que todas as empresas do mundo deveriam sair por aí bradando “Je suis Charlie”. A lição do Google é a compreensão de que não é mais possível às empresas ficarem quietinhas num canto fazendo o seu trabalho. É preciso participar ativamente da esfera pública. É preciso contar a sua história. Falar da sua postura. Explicitar os seus valores.
É preciso construir sentido, produzir conteúdo, narrar histórias verdadeiras. É preciso “soltar a voz nas estradas” do mundo. Isso vale para TODAS as empresas, seja qual for o seu porte ou segmento de atuação. Não é algo virtuoso, ainda que também o seja. É algo necessário!
Sempre é tempo de começar. Quanto mais cedo, melhor. É um trabalho que começa hoje e não acabará nunca. Quem começar mais cedo aprenderá antes dos demais. E esse aprendizado vai fortalecer a caminhada.
“Solto a voz nas estradas, já não posso parar”… (Travessia, Milton Nascimento).
Helvio Falleiros
Imagem: wildpixel/iStock.com