Perder gordura na crise é saudável. O problema é desperdiçar massa muscular, conquistada à custa de muito exercício, disciplina, trabalho. Para uma empresa, não é tão difícil distinguir gordura de tecido muscular. Gordura é tudo aquilo que a empresa perde, tornando-a melhor, mais leve, mais ágil. Músculo é o que faz a empresa andar, crescer, ganhar capacidade competitiva, fortalecer sua reputação. Claro, quem comanda tudo é a mente. Mas cérebro sem corpo só existe em laboratório. E mesmo assim, inerte.

Diante da crise, o desafio não é sobreviver; é sobreviver com saúde, com todas as funções vitais funcionando bem. E o oxigênio da empresa é o cliente. Reforçar e aprimorar a qualidade da relação com os clientes constituem a essência do trabalho de qualquer empresa. Aqui entra o marketing, a comunicação.


Se os cuidados estratégicos com a marca e com a comunicação são essenciais em tempos de bonança, eles são ainda mais decisivos em épocas de crise.

Helvio Falleiros

Se os cuidados estratégicos com a marca e com a comunicação são essenciais em tempos de bonança, eles são ainda mais decisivos em épocas de crise. Perder espaço nesse terreno é perder massa muscular, é deixar ofuscar o brilho da sua empresa aos olhos dos clientes e do público.

O recente caso da Samarco, que teve rompidas duas de suas barragens de rejeitos de mineração em Mariana, Minas Gerais, deixou visível uma tragédia antes oculta: a brutal falta de comunicação e diálogo da empresa com o público que mais diretamente poderia ser afetado por uma eventual ruptura da barragem.

Vidas teriam sido poupadas com uma política básica de comunicação com essa gente. O chamado “plano de contingência”, afinal, também é um plano de comunicação. A empresa preferiu o silêncio, com trágicas consequências.

Quando uma empresa não pensa sobre as possíveis consequências de suas ações ela coloca em risco o seu principal patrimônio, que é a sua marca. Samarco e Volkswagen são casos recentes de empresas que jogaram contra o patrimônio e vão pagar um preço alto por isso.

A crise vai passar um dia. Quem cuidar da reputação da empresa, da qualidade da marca, quem para isso investir certo em comunicação e marketing, buscando manter e conquistar clientes, vai sair da crise talvez um pouco mais magro, mas com os músculos prontos para a retomada.

Quando uma empresa não pensa sobre as possíveis consequências de suas ações ela coloca em risco o seu principal patrimônio, que é a sua marca.

Helvio Falleiros